Empresas dizem que agora só negociam com ônibus nas ruas
Seopa decidiu não comparecer a nenhuma reunião enquanto os rodoviários não cumprirem o acordo da última audiência
As empresas de ônibus de Porto Alegre endureceram sua posição em relação aos rodoviários em greve. Na terça-feira, o Sindicato das Empresas de Ônibus (Seopa) decidiu descontar os dias parados de todos os motoristas e cobradores, o que já teria impacto na quarta-feira, quando parte da categoria recebe os contracheques.
— Até segunda-feira, havíamos concordado em perdoar as faltas. A partir de agora, o desconto do salário é inegociável — garantiu Luiz Mário Magalhães Sá, gerente-executivo do Seopa.
Segundo Mauricio Barreto, da comissão de negociação e do comando de greve, o desconto no salário anunciado já para amanhã é uma tentativa de desmobilizar a categoria:
— Os empresários estão agindo de má-fé. O ponto fecha no dia 20. Nesse período, não estávamos em greve. Vamos receber normal.
Os empresários também decidiram não voltar à mesa de negociações enquanto os trabalhadores mantiverem os ônibus nas garagens. Ontem, a desembargadora Ana Luiza Heineck Kruse, do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), manifestou intenção de convocar para hoje uma nova reunião de conciliação entre empregados e empregadores.
— A posição das empresas é não comparecer a nenhuma reunião enquanto os rodoviários não cumprirem o acordo da última audiência, de colocar 70% dos ônibus nas ruas. Isso é inegociável. Se os ônibus voltarem a circular, retornamos à mesa de negociação na mesma hora — disse Magalhães Sá.
Em nota divulgada ontem, o sindicato patronal argumenta que já compareceu a três audiências de conciliação no TRT e que nas três ocasiões os grevistas não teriam cumprido o que foi acordado. A reunião mais recente foi realizada na tarde de segunda-feira, quando os empresários apresentaram uma proposta que previa reajuste de 7,5% nos salários, aumento do vale refeição de R$ 16 para R$ 19 e manutenção do plano de saúde, com contribuição mensal de R$ 10 por funcionário. Os rodoviários rejeitaram a oferta em assembleia na manhã de ontem — e passaram a apresentar como ponto central de sua pauta a redução da jornada de trabalho.
O Seopa também decidiu ontem encaminhar o dissídio coletivo para a Justiça, usando como índice para reajuste o INPC, que deve ficar em 5,5%. Os empresários também estão pedindo ao governo do Estado, à prefeitura e ao TRT que policiais militares ofereçam segurança para que rodoviários interessados em trabalhar possam fazê-lo.
Em paralelo, a assessoria jurídica do Seopa estuda se o sindicato está amparado legalmente para fazer demissões. Caso elas ocorram, não há perspectiva de que contratações de novos profissionais resolvam o problema com rapidez. Antes de pegar o volante, os motoristas de ônibus precisam passar por um curso de cerca de 30 dias.
— Não tem gente formada para ser contratada. Estamos pensando em usar o mês de fevereiro para a formação dos motoristas. Dessa forma, eles poderiam ser contratados em março — afirmou Magalhães Sá.
Para o líder grevista Maurício Barreto, a decisão do Seopa de impor condições para negociar mostra que a dificuldade para chegar a um acerto é culpa dos empresários.
— Estamos parados, mas dispostos a negociar. Eles só querem impor.
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Reivindicações
A greve foi definida em assembleia da categoria no dia 23 de janeiro . Os rodoviários querem 14% de aumento, manutenção do plano de saúde, sem desconto no salário, e jornada diária de 6h. A única proposta aceita foi do vale-alimentação a R$ 19, cujo reajuste pedido era de de R$ 16 para R$ 20. Os demais itens da proposta patronal, com reajuste salarial de 7,5% e coparticipação financeira dos empregados a R$ 10 no plano de saúde, foram rejeitados.
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fonte: zero hora
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